terça-feira, 27 de dezembro de 2011

VELOCIDADE


Velocidade,
Voracidade,
Ferocidade,
Ventania...
Há zero vida.

Na cidade
A vaidade
E a agonia
Apressou a tua ida,
Jovem e repentina.

Não se move,
Não respira.
Já está opaca.


(NÁDIA M.S.P.)

TRÁFICO DE CORPOS


Tráfico de corpos,
Corpos envergonhados,
Usados e desusados
Feito copo descartável.

Pureza corrompida
Menina inibida.
O preço taxado
Para o bem do mercado.

Famílias desestruturadas,
Rotas alteradas.
Camisinha estourada?
Foi Aids que tu pegou!

(NÁDIA M.S.P.)

EMBORA



Embora eu não te esqueça
E raramente você apareça,
A tua presença está aqui,
Mesmo que tu não estejas.

Embora você não me abrace mais
Eu sinto os teus braços,
O teu cheiro ainda está no ar,
Ainda que tu não estejas cá.

Eu não sei se tu lembras
Das nossas conversas,
E nem se as ideias
Estão na sua memória impressas;

Mas os teus gestos
Eu recortei naquele momento
Para levar comigo ao longo do tempo.

Você me virou às avessas,
Fizestes-me cantar músicas versadas,
Arrancastes um riso dessa face estressada,
Devolvestes os meus sonhos de criança.

Embora eu saiba
Que você não voltará
Eu me coloco a acreditar
Que um dia eu irei te encontrar.

(NÁDIA M.S.P.)



INDIFERENÇA


Deixastes esfriar
Toda a mágoa que eu tinha,
E por ti
Não existe nem a indiferença.

Toda a crença
Que eu tinha em você
Diluiu-se
Em um grande vazio.

Nem que queiras
Eu irei te aceitar,
Pois em mim não há
Nada mais que tristeza.

Você não pensou, somente agiu;
E depois ainda quer me coagir?
Esqueças,
Pois pagará por tua falta de juízo.

(NÁDIA M.S.P.)

domingo, 4 de dezembro de 2011

DESPEDIDA


Pingo,
Ponta,
Pronto.
A vida Por um triz.

A lentidão do pulsar
As células a se degenerar.
Estás a ficar oca.
Tua essência está a fugir.
Não percebes?

Acendo o cigarro,
Nunca traguei,
Mas hoje a vontade me procurou
Revelando-me os segredos do silêncio.

A fumaça transpassa o tempo
A nicotina alivia minha dor
Os gritos ecoam dentro de mim.

Você não seguiu o meu conselho
Desobedecestes a minha ordem
De aqui ficar
E quis ir
Mesmo sem querer.

Dormiu em outro leito
E eu não quero,
Mas há uma força que me puxa
Para perto de ti.

E contra a minha vontade
Lutando em oposição à lei do tempo
Fui te encontrar.

O elo que me liga a você
É mais forte que o laço
Que aperta o meu pescoço.
Estou sem ar,
Mas vou te encontrar
Ai onde você está.

(NÁDIA M.S.P.)




sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

POETA SUBVERSIVO


O ritmo da canção,
O verso em vão,
A lira estilhaçada,
A poesia esquecida.

O compositor anônimo
Necessita de pseudônimo
Para expor o caos
Do prefeito ao general.

O seu EU
Subversivo
Contrasta com teu lirismo crônico
Que subjetiva a tu existência.

Mas se tu não esqueces...
O que fazer?
Providência divina
Ou coincidência condicionada?

(NÁDIA M.S.P.)





TEMPESTADE EXISTENCIAL


Hoje lá fora
A tempestade já foi embora
Ficou só o orvalho.
Cá estou com os meus pensamentos falhos.

Pensava que tu já tinhas ido
Em companhia
Daquela ventania
Mas não é que aqui está
Ao meu lado
Ou dentro de mim.

As sombras que me perseguem
Dilacera-me as entranhas,
As paredes do meu lar
Repletas de casa de aranha

A água do mar
Purifica uma ideia.
Tu és ateia?
Ou somente procuras uma luz metafísica?
(NÁDIA M.S.P.)

A CANÇÃO DO SER


O poeta,
O cantor,
E o compositor...
Eles cantam uma dor
Universal ou multicor.

A reviravolta do Eu,
A inconsistência,
A ignorância.
Tudo junto
Em um conjunto.

Um mergulho no nada
Corrida transviada.
Na busca do paraíso...
Tu estás é sem juízo!
(NÁDIA M.S.P.)