Aquela ideia
perecia uma sombra que o perseguia, ficava pelos cantos da casa como uma
parasita desesperada para poder delicia-se de sua comida sem deixar um
rastro se quer. Arrastava-se por todos os cômodos procurando a presa para
devorá-la com extremo prazer carnal. A noite já era, demasiadamente, longa e o
tempo se encontrava velho, esquecido na poeira que cobria as horas passadas, lentamente,
na ociosidade de uma vida enfraquecida de sentido. A felicidade se esvaia de
motivos ineficazes, ela escorre pelas mãos como gotas salgadas que jorram dos
olhos já sem brilho. Ele se deita na cama fria, coberta de tristezas e
razões suicida que o enlouquecia mais e mais no decorrer de sua
existência, mas o eco de um pensamento impreciso estava prestes a ser abortado
pelas entranhas da mente; perdia-se em sinapses não realizadas no devido momento.
Nunca seria decodificada a tempo; não haveria uma transposição de sons, morfemas,
palavras, frases, textos, significados. Por fim, tudo perdido.
Ele procurava desesperado, por uma lembrança colorida com um motivo real que o
fizesse querer a continuar a não morrer, ter algo a mais para todo dia acorda e
ver o azul do céu cinzento pela fumaça de carros antigos. O filme que passa em
sua cabeça, já arranhado pela angústia ressentida noite e dia, o torna
extremamente depressivo. A fuga poderia está um supremo sentimento de luta
espiritual que o tornaria melhor para ele e os demais conhecidos, expressivamente
ausentes. O sol dá sinais de nova vida a ele e de uma nova realidade ao mundo. Levanta-se
como de costume, toma banho, alimenta-se de esperança e sai.
(NÁDIA PINHO)
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